mort mot juste

dezembro 20, 2015

escada

não adianta vir me perguntar quando é que eu vou parar de olhar minha vida se enrolar que eu firmo meu pé nesta escada e não te deixo passar. que se fosse tão fácil viver de amor confesso e nunca vivido não tinha tanta gente rasgando o que restou não lido de cartas mas nem cartas, agora é bilhete pra avisar que acabou o leite e que acabou o amor. que se eu não fosse meu próprio carrasco você ia perceber o quanto eu engano, e nem se eu não fosse alfabetizada, treinada, versada nessa arte de contar a verdade como se fosse mentira a conversa no portão acabaria antes, sem o óleo da dobradiça que eu deixei de passar assim mesmo só pra ranger e me lembrar de fechar. que se eu me tranco e me encerro em madeira estou sofrendo à toa e o som do grilo que não me deixa dormir é pra avisar que quando eu invento de sair o tempo é perdido ou medido em risada, intoxicada com mais amigos que morrem de medo da vida e meio que esperam a morte por medo de hoje talvez não saber a sorte que é respirar.  que se não existisse palavra solta que não dá pra retirar nem controlar a gente morreria mudo, que só tem graça falar se for pra ver queimar o mundo de alguém que faz arder o nosso. me diz tudo o que você tem que dizer mas diz de uma vez, anota, circula em volta pra eu saber que é de fé e assina com aquela caneta de tinta vermelha que você encontrou em casa e que não era sua mas ninguém deu falta e ficou por lá. então aperta contra o peito apertado sufocado o papel e me dá pra eu fazer que joguei fora sem ler, pra ter uma desculpa pra te ver, me entrega esse poema que eu falo o que você quer ouvir, minto que não tem problema e te deixo subir.

maria 4:16 PM 0 vociferando estavam



ao rés da fala