mort mot juste

outubro 30, 2006

shapeless whirlpool

back then
youth-struck
i believe-
i used to believe

the earth
it self
(my mother)
she would gather
the divine
(picks her peaches,
withal,
from her tree)
power to
rearrange

in our minds-
and the relief!

every thing
living or
breathing
into
beauty

today, let me
report (to you)
i still take pity
on the faces
of dying dogs
i
(my dear)
drink soda and watch the news.

maria 8:16 PM 0 vociferando estavam

mort mot juste

Que tem a morte com os assuntos da vida? Narrando, meus membros acabam.
Incontestável que ontem fui, estive, amanhã só permaneço: a um morto ofereces teus olhares, e com eles, tuas fantasias. Não me é dado rejeitá-las.
O que nos aparta -agora, completos estranhos- é matéria minha e de meus despojos.
Minha condição é eterna. A tua, provisória.

maria 2:18 PM 1 vociferando estavam

outubro 26, 2006

o sonho do homem da poltrona 12

margem direita
previsão de chegada:
não há placas
fumantes
contorcem os
dedos
e a imperatriz de dois andares jaz enguiçada no acostamento.

margem esquerda
caderno de criança
ah! um grito!

-meu senhor, seu filho está morto, mas seja bem-vindo a são paulo.

maria 1:45 PM 2 vociferando estavam

outubro 08, 2006

tocata citadina n.5

o nascer do sol em havana era simples, e rosado. enfumaçado e suspeito de crimes menores no que era hasteado por detrás do beco; em silêncio furtivo a morte ou o olhar preguiçoso da manhã erguiam, em partes distintas da cidade, o mesmo marasmo do dia anterior.
acordei exatamente às nove horas e quinze segundos da noite e, com gosto de sal na língua, constatei que a aurora se alçava janela acima sem a cerimônia habitual.
sorri pensando que o mundo acabava e tive certeza de que muito em breve me esqueceria de ter engolido o repulsivo copo de gelos derretidos e já mornos.
senti que aquilo dos olhos, do sal na bebida e da luz hesitante eram um nunca mais vulgar e cheio de pompa.
quis agarrar pelo pescoço o segundo que conteria, futuramente, meu relato.
acabei por estrangulá-lo. me sobrou este pedaço de papel.

maria 10:33 PM 4 vociferando estavam

outubro 03, 2006

o horror da juventude em outubro e outras histórias

ah!, não é horrível esquecer-se? hão de concordar comigo.
dizer que todo poste de luz à noite te lembra de tua amante e que vê o mesmo rosto nos fiapos ascendentes de fumaça há anos pode tornar-te tão vulgar.
e o dia que se passou no interior do apartamento trancado (paredes amareladas são o mofo tentando simular uma invasão do sol) enquanto ordenavas que lhe trouxessem outra dose de tremor e prazer barato?


ora, leitor, aqui não é lugar para ti.
cuida de tua própria frivolidade e deixe que a minha divirta os tolos.
vai-te.

maria 10:10 PM 1 vociferando estavam



ao rés da fala