mort mot juste

janeiro 22, 2008

a travessia

viajava pelas ruas
fofas e pela
grama compacta
seca
e moribunda

não queria ler
as letras pesadas
das placas,
inalou-as pela boca
mesmo assim
com o perfume
enjoativo
de árvores sem nome
e tudo era
uma coisa só.

os cães
eram velozes
sob o sol
ela não prestava
atenção
aos carros
que poderiam
atropelá-la

não enxergava mais
que a música pálida
dos aparelhos eletrônicos
desligados
e exaustos

do chão surgiam
estátuas, que não
se importavam
com a paisagem
nem com a chuva
do dia seguinte

a tempestade
que desejava
era pra encher
todos os rios
ligados entre si
em um raio
de três horas
a nado

com seu pai
na sacola plástica
cheia d'água
entre os dedos
amanda e suas
pernas tremiam
e as ruas sumiam
na distância dos olhos

ajoelhou-se
porque parecia
solene se ajoelhar,
beijou o plástico
por não poder
beijar o pai,

libertou finalmente
o peixe-
antes da hora-
nas águas,
sem tempo
de dizer
adeus
atrapalhada
só pôde
dizer
pai, nade
te encontro
depois




(postando umas coisas do ano passado novamente. perdedoras de concurso. a escritorinha de blog se resigna.)

maria 1:05 PM 2 vociferando estavam



ao rés da fala